top of page
  • Foto do escritorFrancisco Calheiros

A mulher que eu amo usa branco | Francisco Calheiros

Atualizado: 8 de jan. de 2022

No dia 1º de maio, um grupo de profissionais realizou uma manifestação pacífica (Constituição Federal, art. 5º, IV) em Brasília a fim de chamar a atenção para o colapso em que se encontra o nosso sistema de saúde. Já virou rotina que apoiadores do presidente da República apareçam para expressar o seu ponto de vista.


Essas divergências seriam válidas se não fosse o elevado grau de violência com que essas pessoas se manifestam. Isso tudo deixou de ser opinião política e passou a ser uma grave doença, talvez por não aceitarem que votaram em um homem doente, que só abre a boca para expressar o ódio e demonstrar o seu despreparo para o exercício da função. Um criminoso identificado como Renan Sena – que se diz evangélico – agrediu uma enfermeira que apenas tinha por arma uma cruz, simbolizando as mais de seis mil mortes de brasileiros vítimas dessa pandemia.


O mundo inteiro aplaude os seus profissionais da saúde. No Brasil, eles são agredidos, maltratados, tachados de incompetentes. Estão morrendo médicos, enfermeiros, técnicos sem que haja o devido reconhecimento. No Amazonas, muitos não recebem seus salários desde dezembro de 2019, porém estão ali, na linha de frente, sem os equipamentos necessários e tendo até mesmo que atender aos doentes entre os cadáveres que se acumulam pelos corredores dos hospitais.


Quem se dá o papel de agredir um profissional da saúde tem desvio de caráter, é um ser doente, é tão déspota quanto o presidente, é um ignorante, deve ter uma família desestruturada, deve crer no Deus do ódio, é um ser frustrado na vida pessoal e profissional, precisa de tratamento, é um vírus mais letal do que esse que acomete as pessoas.


Uma amiga, esposa de militar, confidenciou-me ser obrigada a ir às redes sociais defender o psicopata que está na presidência da República. Isso aqui em Manaus. Omissão é crime. Já fiz uma representação criminal na Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher.

Deixo claro que a expressiva maioria dos militares deste país têm bom senso e não irão jogar fora a história das nossas Forças Armadas para defender um líder criminoso, tosco e racista, no sentido mais amplo do termo, que deve ser afastado do poder, denunciado, julgado e condenado pelos crimes contra a Humanidade.

Quero também dizer que amo a mulher de branco da foto, ali, firme, mostrando a cruz para o demônio, na luta contra o mal, a ignorância, o fanatismo, a burrice e nos ensinando que a resistência é necessária.


 

Sobre o autor


Francisco Calheiros é advogado, professor com décadas de experiência e autor dos livros Provável Poesia (1996), Canções de novembro e algumas preces (2007), Quadro Negro (2012) e outros dois a publicar. É também colunista no Epifania Política.

0 comentário
bottom of page